Panela da Mamãe

Lichia, sabor da China

Posted on: 05/02/2010

Matéria escrita pelo jornalista Paulo Cunha e publicada na Revista Onde Comer em Janeiro de 2005

Sabor da China

Comparável às melhores frutas, a lichia é rica em minerais e vitaminas,  tem sabor agradável e refrescante, lembrando ao da uva Itália

 

Originária da baixas províncias de Kwangtung e Fukie, região subtropical do sul da China (Província de Cantão), a primeira referência que se tem da lichia (Litchi chinensis) é da época da dinastia Han (140 – 86 a. C.), contudo, também encontram-se diversas referências sobre a lichia na literatura e poesia chinesa. Muito popular na China, o cultivo desta fruta espalhou-se durante anos para as áreas vizinhas do sudeste asiático e ilhas próximas do mar. Da China, inicialmente, foi levada para Índia, Vietnã, Birmânia, Tailândia, Camboja, Laos, Indonésia, Filipinas, África do Sul e para o Havaí e Flórida, nos Estados Unidos, locais que pode ser considerado como responsáveis pela disseminação da fruta no mundo ocidental.
No Brasil, a lichia foi introduzida por volta de 1810, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, porém, demorou muitos anos para que produtores agrícolas passassem a ter cultivos comerciais da fruta no País. Ainda pouco conhecida por aqui, a lichia era tida como uma fruta elitizada, já que era difícil encontrá-la e seu preço não era nada popular. A partir dos anos de 1970 a lichia passou a ser produzida comercialmente no Brasil, mas foi ao longo da década de 1990, que a cultura da lichia cresceu substancialmente, principalmente, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.

Supersafra do ano atraiu novos consumidores
Como uma fruta sazonal, a lichia é colhida no Brasil apenas durante os meses de novembro e janeiro. Sua produção é cíclica, ou seja, durante um ou dois anos a produção é grande, e no ano seguinte a pode ficar reduzida a 10%. Essa peculiaridade no cultivo muitas vezes tira o sono dos produtores, que nos anos de 2002 e 2003 viram suas produções caírem em mais da metade e, o consumidor, encontrou a fruta nas feiras livres e mercados a quase R$ 30 o quilo. Já em 2004, a história foi completamente diferente. Com o clima muito favorável durante todo o ano, a produção saltou de 150 toneladas em 2003 para 8.500 toneladas em 2004. O preço da fruta então ficou muito mais acessível, chegando em média a R$ 3,00 o quilo, e permitiu a sua popularização entre consumidores que desconheciam a fruta.
Produtora de lichia no interior de São Paulo há mais de 20 anos, Cecília Helena Ferreira da Cunha, comemora sua safra de quase 120 toneladas em 2004, mas ressalta que, “trata-se de um mercado crescente, porém o mercado de produtores deve estar saturado em 3 ou 4 anos. Nesse momento é importante os produtores estarem atentos para não deixarem cair a qualidade do produto”. Cecília Helena, explica que no Brasil a lichia é vendida apenas in natura, embalada em cumbucas de 500 gramas, mas também vê como alternativa para comercialização do excendente a venda da polpa da fruta e, até a granel, assim como outras frutas. “Na Tailândia, por exemplo, compra-se o cacho da lichia nas feiras, assim como a banana”.
A lichia nasce em árvores de grande porte, conhecida como lichieiras, que atingem de dez a 15 metros de altura. Os frutos são em forma de coração ou ovais, vermelhos e dispostos em cachos. Uma lichieira na época de grande safra chega a produzir cerca de 150 a 200 kg da fruta. Do tamanho de um morango, com casca vermelha, polpa branca, doce e com uma aroma agradável, a lichia é rica em vitamina C, potássio, cálcio, fósforo e ferro.Existem algumas variedades de lichias, as mais cultivadas nas regiões subtropicais são a “Bengal”, “Brewster”, “Mauritius”, “Sweet Clift” e “Americana”, este último tipo é o mais encontrado no Brasil.
Além de seu uso principal como fruta fresca, a lichia pode ser utilizada em temperos, molhos, conversas, vinhos, geléias, sucos, musses, sorvetes. Sabe-se que o suco da fruta é indicado para combater febres passageiras, alivia a tosse, problemas no fígado e estômago. Já a lichia seca, tipo passa, pode ser utilizada em chás, como adoçantes.
Uma das principais dúvidas do consumidor quando vai comprar a lichia é com relação a conservação da fruta. Quando comercializada, a fruta apresenta uma coloração avermelhada muito atrativa, mas que se torna escura rapidamente se não conservada corretamente. Independente do escurecimento da fruta, ela não perde qualidade, muito pelo contrário, fica ainda mais doce e saborosa para o consumo, contudo, alguns cuidados devem ser tomados para conserva-las por mais tempo. A recomendação é armazenar em ambiente úmido e de baixas temperaturas, podendo ser guardados na geladeira até cinco semanas. Deve-se evitar deixar a fruta exposta a temperaturas entre 20 e 30ºC, se não for consumida em no máximo dez dias.

LICHIA – Valor Nutricional de 100gramas

Calorias – 65
Proteína – 0,8 g
Gorduras – 0,4 g
Carboidratos – 16,3 g
Fibra – 0,2 g
Cálcio – 10 mg
Potássio – 170 mg
Ferro – 0,3 mg
Sódio – 3 mg
Vitamina C – 50 mg
Teor de açúcar – 12 e 21%
Proteína – 0,8 e 0,9%

Curiosidades da Lichia:

– Diziam em Brasília, na época da ditadura militar, que a lichia era um morango blindado, devido à sua casca grossa e a semelhança com o morango.

– Em 1059 d. C., o chinês Ts’ai Hsiang fez a primeira monografia sobre esta fruteira que se tem notícia.
– Os principais países consumidores da lichia na Europa são França e Inglaterra.
– A lichieira produz mais nas baixas planícies onde os meses de verão são quentes e os meses de inverno são frios e secos.
– Uma lichieira demora entre 5 anos para começar a produzir o fruto para comercialização.
– Em países como China e Índia, a colheita de lichia ocorre entre os meses de maio e setembro.
– Depois de colhida, o escurecimento da casca da lichia é provocado em função da desitratação do produto, embora o sabor e o valor nutricional não sejam alterados.
– O Estado de São Paulo é o maior produtor de lichia no Brasil com cerca de 840 hectares plantados.
– Além de ser muito popular na China, Vietnã, Tailândia e Índia, a lichia também é conhecida e apreciada na África do Sul, Austrália, México e Israel.

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